As imagens abaixo são de 3 obras presentes na exposição. Para conhecer mais desse belíssimo, sutilíssimo e inspiradíssimo trabalho, visite o blog de Gisele Moura.
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"Poemas da terra ao céu" (exposição de pinturas de Gisele
Moura)
Um simbolismo expresso pelo
antigo poeta indiano Kabir nomeia a exposição da artista plástica Gisele Moura:
as árvores são como poemas que a Mãe Terra escreve e oferece ao Pai Céu. Os
temas dessas telas são as árvores e outras oferendas que a terra dedica ao céu
– seres da fauna e da flora de nosso planeta. A terra gera e nutre a matéria
viva que inspira a arte. O poeta risca a superfície do papel, desenhando com
sua pena os símbolos que são palavras. A pintora risca a superfície da tela,
escrevendo com seu pincel os símbolos que são traços.
Os símbolos representam,
comunicam e servem como oferendas. Têm, porém, outro lado: só representam
aquilo que por natureza não são. Estas palavras não pretendem, assim, refletir
com exatidão o trabalho de Gisele; não são seus substitutos. Os quadros, além
disso, exigem um esvaziamento verbal. Falam a outros níveis de nossa percepção.
Direcionam-se para além da razão. Comunicam, mas no silêncio da contemplação.
Percorremos nas pinturas as
curvas sinuosas, mas equilibradas, dos padrões e fractais orgânicos. Rememoramos
que há um design artístico nos
enquadramentos naturais, nas paisagens sazonais e nas criaturas vivas. As obras
comunicam uma delicadeza explícita e invocam um certo misticismo. Trazem também
uma qualidade menos evidente – a tenacidade, um tipo discreto, mas nem por isso
diminuto, de força. Essa poderosa combinação resulta no impressionante caráter
feminino das telas.
A terra simboliza o feminino, sua capacidade criadora, sua generosidade paciente e misteriosa. O céu simboliza o masculino, abrangendo a velocidade do vento e as nuvens da razão e do intelecto. Assim como as árvores e os poemas, os quadros de Gisele Moura comunicam a feminilidade aos céus mais sensíveis, proferindo uma importante mensagem neste tempo de temores e incertezas: há beleza neste planeta. E há beleza no que a mão humana é capaz de criar, símbolo, por sua vez, de outra, gloriosa e infinita Criação.
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